Canção do Exílio
de Gonçalves DiasNosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Antônio Gonçalves Dias (Caxias, 10 de agosto de 1823 — Guimarães, 3 de novembro de 1864) foi um poeta, advogado, jornalista, etnógrafo e teatrólogo brasileiro. Um grande expoente do romantismo brasileiro e da tradição literária conhecida como “indianismo”, é famoso por ter escrito o poema “Canção do Exílio” — um dos poemas mais conhecidos da literatura brasileira —, o curto poema épico I-Juca-Pirama e muitos outros poemas nacionalistas e patrióticos que viriam a dar-lhe o título de poeta nacional do Brasil. Foi um ávido pesquisador das línguas indígenas e do folclore brasileiro. É o patrono da cadeira 15 da Academia Brasileira de Letras.
Advogado de formação, é mais conhecido como poeta e etnógrafo, sendo relevante também para o teatro brasileiro, tendo escrito quatro peças. Teve também atuação importante como jornalista. Nesta área, encontra-se colaboração da sua autoria na Revista Contemporânea de Portugal e Brasil (1859-1865)
Era filho de uma união não oficializada entre um comerciante português com uma mestiça, e estudou inicialmente por um ano com o professor José Joaquim de Abreu, quando começou a trabalhar como caixeiro e a tratar da escrituração da loja de seu pai, que faleceu em 1837. Iniciou seus estudos de latim, francês e filosofia em 1835, quando foi matriculado em uma escola particular.
Morreu aos 41 anos em um naufrágio do navio Ville Bologna, próximo à região do baixo de Atins, na baía de Cumã, município de Guimarães.
Escola Literária: (Romantismo, Indianismo)
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Depois tornou-se o tredo fogo ardente
Que o instante, o ano, a vida me tortura.
Bem longe de gozar tanta ventura,
Cresta-me o rosto agora o pranto quente.
Oh! não lhe fales,
Não lhe sorrias
Viver é lutar.
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir…
Talvez mesmo que algum desses brejeiros
Te diga que assim é, que os dessa gente
Não são lá dos heróis mais verdadeiros.
Ah! que eu não morra sem provar, ao menos
Sequer por um instante, nesta vida
Amor igual ao meu!
Sentir, sem que se veja, a quem se adora,
Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos