Desejo
de Casimiro de AbreuSe eu soubesse que no mundo
Existia um coração,
Que só por mim palpitasse
Por ela tudo daria…
Casimiro José Marques de Abreu (Barra de São João, 4 de janeiro de 1839 — Nova Friburgo, 18 de outubro de 1860) foi um poeta brasileiro da segunda geração do romantismo. Filho do fazendeiro português José Joaquim Marques de Abreu e de Luísa Joaquina das Neves, uma fazendeira de Barra de São João, viúva do primeiro casamento. Com José Joaquim ela teve três filhos, embora nunca tenham sido oficialmente casados. Casimiro nasceu na Fazenda da Prata, em Casimiro de Abreu, propriedade herdada por sua mãe em decorrência da morte do seu primeiro marido, de quem não teve filhos.
A localidade onde viveu parte de sua vida, Barra de São João, é hoje distrito do município que leva seu nome, e também chamada “Casimiro de Abreu”, em sua homenagem. Recebeu apenas a instrução primária no Instituto Freese, dos onze aos treze anos, em Nova Friburgo, então cidade de maior porte da região serrana do estado do Rio de Janeiro, e para onde convergiam, à época, os adolescentes induzidos pelos pais a se aplicarem aos estudos.
Em 1857 retornou ao Brasil para trabalhar no armazém de seu pai. Isso, no entanto, não o afastou da vida boêmia. Escreveu para alguns jornais e fez amizade com Machado de Assis. Em 1859 editou as suas poesias reunidas sob o título de Primaveras.
Tuberculoso, retirou-se para a fazenda de seu pai, Indaiaçu, hoje sede do município que recebeu o nome do poeta, onde inutilmente buscou uma recuperação do estado de saúde, vindo ali a falecer. Foi sepultado conforme seu desejo em Barra de São João, estando sua lápide no cemitério da secular Capela de São João Batista, junto ao túmulo de seu pai.
Escola Literária: (Romantismo)
Se eu soubesse que no mundo
Existia um coração,
Que só por mim palpitasse
Por ela tudo daria…
Na valsa tão falsa, corrias, fugias,
Ardente, contente, tranqüila, serena,
Sem pena de mim!
São vozes de dois amantes,
Duas liras semelhantes,
Ou dois poemas iguais.
Meu amor é chama
Que se alimenta no voraz segredo,
E se te fujo é que te adoro louco…
És bela – eu moço; tens amor, eu – medo…
Então – Proscrito e sozinho –
Eu solto aos ecos da serra
Suspiros dessa saudade
O teu sorriso é delírio…
És alva da cor do lírio,
és clara da cor da neve!
Que pode haver de maior do que o oceano
Ou que seja mais forte do que o vento?
Mas se o canto da lira achares pouco,
Pede-me a vida, porque tudo é teu.
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida