Reportagem
de João Guimarães RosaEu quis chamar o homem,
para lhe dar um sorriso,
mas ele ia já longe
João Guimarães Rosa (Cordisburgo, 27 de junho de 1908 — Rio de Janeiro – RJ, 19 de novembro de 1967) foi um escritor, diplomata, novelista, contista e médico brasileiro, considerado um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. Foi o segundo marido de Aracy de Carvalho, conhecida como “Anjo de Hamburgo”
Os contos e romances escritos por Guimarães Rosa ambientam-se quase todos no chamado sertão brasileiro. A sua obra destaca-se, sobretudo, pelas inovações de linguagem, sendo marcada pela influência de falares populares e regionais que, somados à erudição do autor, permitiu a criação de inúmeros vocábulos a partir de arcaísmos e palavras populares, invenções e intervenções semânticas e sintáticas.
Foi o primeiro dos seis filhos de Florduardo Pinto Rosa (“Flor”) e de Francisca Guimarães Rosa (“Chiquitita”). Ainda pequeno, mudou-se para a casa dos avós, em Belo Horizonte, onde concluiu o curso primário. Iniciou o curso secundário no Colégio Santo Antônio, em São João del-Rei, mas logo retornou a Belo Horizonte, onde se formou. O tio Adonias, fazendeiro muito rico, dono da fazenda Sarandi, patrocinou os estudos de Guimarães Rosa no colégio Arnaldo. Em 1925 matriculou-se na então “Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais”, com apenas 16 anos.
No Brasil, Guimarães Rosa, na segunda vez em que se candidatou para a Academia Brasileira de Letras, foi eleito por unanimidade (1963). Temendo ser tomado por uma forte emoção, adiou a cerimônia de posse por quatro anos. Guimarães Rosa foi ainda indicado ao prêmio Nobel de Literatura, pouco antes de falecer de ataque cardíaco.
Escola Literária: (Romance, conto Prosa)
Eu quis chamar o homem,
para lhe dar um sorriso,
mas ele ia já longe
As vagas do sofrimento me arrastaram
para o centro do remoinho da grande força,
que agora flui, feroz, dentro e fora de mim…
A lua madura
Rola, desprendida,
por entre os musgos
das nuvens brancas…
Mas nem todas dormem, nessa hora
de torpor líquido e inocente.
Esfuziante e verde,
um beija-flor entrou pela janela,
(pensei que a tua boca ainda estivesse aqui…)