O Silêncio e os Barcos
de José Carlos GonzalézAs águas pela noite estão caladas
e mais barcos vão chegando à mesma foz.
As águas pela noite estão serenas
e os barcos que regressam adormecem.
Ficámos com as mãos mais apertadas
dois apenas sufocando um grande medo.
Ficámos com os olhos mais parados
que as quilhas destes barcos de segredo.
A noite aglutinou lençóis de espuma
e as areias cobriram-se de redes.
Os barcos nesta noite não arquejam,
são mudos na verdade do silêncio.
Fonte: Poesia dos Dias Úteis
postado por Célia de Lima em 29-11-2008