O Rebelde
de Lúcio de MendonçaÉ um lobo do mar: numa espelunca
Mora, à beira do Oceano, em rocha alpestre;
Ira-se a onda e, qual tigre silvestre,
De mortos vegetais a praia junca.
E ele, olhando como um velho mestre
O revoltoso que não dorme nunca,
Recurva o dedo como garra adunca,
Sobre o cachimbo, único amor terrestre,
E então assoma-lhe um sorriso amargo…
É um rebelde também, cérebro largo,
Que odeia os reis e os padres excomunga.
À noite, dorme sem rezar: que importa?
Enorme cão fiel, guarda-lhe a porta
O velho mar soturno que resmunga.
postado por Ederson Peka em 04-04-2006