Lágrimas
de Cesário VerdeEla chorava muito e muito, aos cantos,
Frenética, com gestos desabridos;
Nos cabelos, em ânsias desprendidos,
Brilhavam como pérolas os prantos.
Ele, o amante, sereno como os santos,
Deitado no sofá, pés aquecidos,
Ao sentir-lhe os soluços consumidos,
Sorria-se cantando alegres cantos.
E dizia-lhe então, de olhos enxutos;
– “Tu pareces nascida de rajada,
Tens despeitos raivosos, resolutos;
Chora, chora, mulher arrenegada;
Lacrimosa por esses aquedutos…
Quero um banho tomar de água salgada.”
postado por Ederson Peka em 07-06-2009