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O Crepúsculo da Beleza

de

Vê-se no espelho; e vê, pela janela,
A dolorosa angústia vespertina:
Pálido, morre o sol… Mas, ai! termina
Outra tarde mais triste, dentro dela;

Outra queda mais funda lhe revela
O aço feroz, e o horror de outra ruína:
Rouba-lhe a idade, pérfida e assassina,
Mais do que a vida, o orgulho de ser bela!

Fios de prata… Rugas… O desgosto
Enche-a de sombras, como a sufocá-la
Numa noite que aí vem… E no seu rosto

Uma lágrima trêmula resvala,
Trêmula, a cintilar, – como, ao sol-posto,
Uma primeira estrela em céu de opala…

postado por em 16-12-2006