A Idéia
de Augusto dos AnjosVem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica…
Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica…
O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.
Pólipo de recônditas reentrâncias,
Larva do caos telúrico, procedo
Da escuridão do cósmico segredo,
Da substância de todas as substâncias!
Leda serenidade deleitosa,
Que representa em terra um paraíso;
Entre rubis e perlas doce riso;
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa;
Meti todos os dedos mercenários
Na consciência daquela multidão…
E, em vez de achar a luz que os Céus inflama,
Somente achei moléculas de lama
Daqui pra frente
Tudo vai ser diferente
Você vai aprender a ser gente
Seu orgulho não vale nada
Que os braços sentem
E os olhos vêem
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,
Rezaria seus versos, os mais belos,
Desses que desde a infância me embalaram
E quem me dera que alguns fossem meus!
Ainda que sua vida pareça cheia de coisas comuns,
Em apenas um momento Ele pode te tocar e tudo mudará
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.