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Ninguém Venha Me Dar Vida

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Ninguém venha me dar vida,que estou morrendo de amor,que estou feliz de morrer,que não tenho mal nem dor,que estou de sonho ferido,que não me quero curar,que estou deixando de ser,e não quero me encontrar,que estou… Ninguém Venha Me Dar Vida

Máquina Breve

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O pequeno vaga-lumecom sua verde lanterna,que passava pela sombrainquietando a flor e a treva— meteoro da noite, humilde,dos horizontes da relva;o pequeno vaga-lume,queimada a sua lanterna,jaz carbonizado e tristee qualquer brisa o carrega:mortalha de exíguas… Máquina Breve

Leveza

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Leve é o pássaro:e a sua sombra voante,mais leve. E a cascata aéreade sua garganta,mais leve.E o que lembra, ouvindo-sedeslizar seu canto,mais leve.E o desejo rápidodesse mais antigo instante,mais leve.E a fuga invisíveldo amargo passante,mais… Leveza

Diálogo

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Minhas palavras são a metade de um diálogo obscurocontinuando através de séculos impossíveis. Agora compreendo o sentido e a ressonânciaque também trazes de tão longe em tua voz. Nossas perguntas e respostas se reconhecemcomo os… Diálogo

Herança

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Eu vim de infinitos caminhos,e os meus sonhos choveram lúcido prantopelo chão. Quando é que frutifica, nos caminhos infinitos,essa vida, que era tão viva, tão fecunda,porque vinha de um coração? E os que vierem depois,… Herança

Pássaro

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Aquilo que ontem cantavajá não canta.Morreu de uma flor na boca:não do espinho na garganta. Ele amava a água sem sede,e, em verdade,tendo asas, fitava o tempo,livre de necessidade. Não foi desejo ou imprudência:não foi… Pássaro

Acontecimento

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Aqui estou, junto à tempestadechorando como uma criançaque viu que não eram verdadeo seu sonho e a sua esperança. A chuva bate-me no rostoe em meus cabelos sopra o vento.Vão-se desfazendo em desgostoas formas do… Acontecimento

Cântico XXII

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Não busques para lá.O que é, és tu.Está em ti.Em tudo.A gota esteve na nuvem.Na seiva.No sangue.Na terra.E no rio que se abriu no mar.E no mar que se coalhou em mundo.Tu tiveste um destino… Cântico XXII

Quarto (Solombra)

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Quero uma solidão, quero um silêncio,uma noite de abismo e a alma inconsútil,para esquecer que vivo, libertar-me das paredes, de tudo que aprisiona ;atravessar demoras, vencer tempospululantes de enredos e tropeços, quebrar limites, extinguir murmúrios,deixar… Quarto (Solombra)

À Hora em que os Cisnes Cantam

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Nem palavras de adeus, nem gestos de abandono.Nenhuma explicação. Silêncio. Morte. Ausência.O ópio do luar banhando os meus olhos de sono…Benevolência. Inconseqüência. Inexistência. Paz dos que não têm fé, nem carinho, nem dono…Todo o perdão… À Hora em que os Cisnes Cantam

Sob a Tua Serenidade

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Não me ouvirás… É vão… Tudo se espalhapelos ermos de azul… E permanecessobre o vale das súplicas e precescom solenes grandezas de muralha… Minha alma, sem te ouvir nem ver, trabalhatranqüila. Solidão… Desinteresses…Por que pedir?… Sob a Tua Serenidade