Há Poetas Que São Artistas
de Alberto CaeiroE olho para as flores e sorrio...
Não sei se elas me compreendem
Nem sei eu as compreendo a elas,
Mas sei que a verdade está nelas e em mim
E olho para as flores e sorrio...
Não sei se elas me compreendem
Nem sei eu as compreendo a elas,
Mas sei que a verdade está nelas e em mim
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Vem-me então à lembrança o pai Yoyô
Na ânsia física da última eficácia...
E logo a lágrima em meus olhos cai.
Ah! Vale mais lembrar-me eu de meu Pai
Sulcando o espaço, devassando a terra,
A aeronave que um mistério encerra
Vai pelo espaço acompanhando o mundo.
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh'alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
Tô pensando em me jogar de cima da pedra mais alta
Vou mergulhar, talvez bater cabeça no fundo
Vou dar braçadas, remar todos mares do mundo
O medo fica maior de cima da pedra mais alta
Tua palavra, tua história
tua verdade fazendo escola
e tua ausência fazendo silêncio em todo lugar
Os teus cabelos são uns fios d'ouro;
teu lindo corpo bálsamos vapora.
Ah! não, não fez o céu, gentil pastora,
para a glória de amor igual tesouro!
Que pode haver de maior do que o oceano
Ou que seja mais forte do que o vento?
Neste último sítio de encontros
Juntos tateamos
Todos à fala esquivos
Reunidos na praia do túrgido rio
Esta é a terra morta
Esta é a terra do cacto
Aqui as imagens de pedra
Estão eretas