Os Justos
de Jorge Luís BorgesUm homem que cultiva o seu jardim.
O que descobre com prazer uma etimologia.
O que prefere que os outros tenham razão.
Um homem que cultiva o seu jardim.
O que descobre com prazer uma etimologia.
O que prefere que os outros tenham razão.
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Derribou-te, ó ave, um braço,
Mas abrindo asas no espaço
Ao céu voaste
Ó Moisés! Tua voz não me alucina:
A voz, que soltas, é a voz divina.
A medida certa,
punhal de prata,
para atravessar-me o peito
Eu venho terminar tua agonia;
Morre, não penes mais, ó desgraçado!
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Quanta dor tu não redimes!
Mesmo feita de amargura,
Feliz o que nos lábios,
No coração,
Na mente
Põe teu nome
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
Decore seu olhar com luzes brilhantes
estendendo as cores em seu semblante