Spinoza
de Machado de AssisO pão diário
A tua mão a labutar granjeia
E achas na independência
O teu salário.
O pão diário
A tua mão a labutar granjeia
E achas na independência
O teu salário.
Quem vive dentro em mim que ruge e clama
Ou murmura, em soluços, uma prece?
Olhai o coração que entre gemidos
Giro na ponta dos meus dedos brancos!
Uma terra nova ao teu olhar fulgura!
Este é o reino da Luz, do Amor e da Fartura!
Vós, sombras de Iguaçu e de Iracema,
Trazei nas mãos, trazei no colo as rosas
Que amor desabrochou e fez viçosas
Nas laudas de um poema.
Tudo tem, agora,
Essa tonalidade amarelada
Dos cartazes que o tempo descolora...
Assim, um homem só, naquele dia,
Língua, história, nação, armas, poesia,
Salva das frias mãos do tempo adverso.
Até parece que a cidade inteira
Sob a garoa adormeceu sonhando...
Os soldados de amianto, à chama indiferentes,
Contra a cratera em fogo, investem sem demora.
Mestre querido! Viverás, enquanto
Houver quem pulse o mágico instrumento,
E preze a língua que prezavas tanto