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O Ramo de Flores do Museu, 2

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Que fantasmas lerão, nas incolorespétalas, as mensagens não aceitasem nítidos momentos anteriores? Que fantasmas verão a vossa airosafigura erguendo as claras mãos desfeitas,noutro império, a uma luz mais gloriosa? Ó cinérea Princesa, é muito densado… O Ramo de Flores do Museu, 2

Compensação

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Esta ignorância humana.Este silêncio do universo.A sabedoria.Hoje eu queria estar entre as nuvens, na velocidade das nuvens, na sua fragilidade, na sua docilidade de ser e deixar de ser.Livremente.Sem interesse próprio.Confiante.À mercê da vida.Sem nenhum… Compensação

Cântico I

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Não queiras ter Pátria.Não dividas a terra.Não dividas o céu.Não arranques pedaços ao mar.Não queiras ter.Nasce bem alto.Que as coisas todas são tuas.Que alcançará todos os horizontes.Que o teu olhar, estando em toda parteTe ponhas… Cântico I

Com agulhas de prata

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Com agulhas de pratade brilho tão finobordai as sedas do vosso destino. Bordai as tristezasde todos os diase repentinamente as alegrias. Que fiquem as sedasmuito primorosasmesmo com lágrimas presas nas rosas. Com agulhas de pratade… Com agulhas de prata

Epigrama n°5

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Gosto da gota d’água que se equilibrana folha rasa, tremendo ao vento. Todo o universo, no oceano do ar, secreto vibra:e ela resiste, no isolamento. Seu cristal simples reprime a forma, no instante incerto:pronto a… Epigrama n°5

Instrumento

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A cana agreste ou a harpa de ouropermitem que alguém acordecom brando pulso ou leve sopro. Têm memória de água e ventoe – além dos mundos desvairados –do silêncio, o etéreo silêncio! Seus poderes de… Instrumento

Museu

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Espadas frias, nítidas espadas,duras viseiras já sem perspectiva,cetro sem mãos, coroa já não vivade cabeças em sangue naufragadas; anéis de demorada narrativa,leques sem falas, trompas sem caçadas,pêndulos de horas não mais escutadas,espelhos de memória fugitiva;… Museu

Noite

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Úmido gosto de terra,Cheiro de pedra lavada– Tempo inseguro do tempo! –Sombra do flanco da serra,Nua e fria, sem mais nada. Brilho de areias pisadas,Sabor de folhas mordidas,– Lábio da voz sem ventura! –Suspiro das… Noite

Anunciação

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Toca essa música de seda, frouxa e trêmulaque apenas embala as estrelas noutro mar. Do fundo da escuridão nascem vagos navios de ouro,com as mãos de esquecidos corpos quase desmanchados no vento. E o vento… Anunciação

Excursão

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Estou vendo aquele caminhocheiroso da madrugada:pelos muros, escorriamflores moles da orvalhada;na cor do céu, muito fina,via-se a noite acabada. Estou sentindo aqueles passosrente dos meus e do muro. As palavras que escutavaeram pássaros no escuro…Pássaros… Excursão

Canção Tardia

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Repara na canção tardiaque timidamente se eleva,num arrulho de fonte fria. O orvalho treme sobre a trevae o sonho da noite procuraa voz que o vento abraça e leva. Repara na canção tardiaque oferece a… Canção Tardia

Epigrama Nº 2

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És precária e veloz, Felicidade.Custas a vir, e, quando vens, não te demoras.Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo,e, para te medir, se inventaram as horas. Felicidade, és coisa estranha e dolorosa.Fizeste para… Epigrama Nº 2