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Ideal

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Aquela, que eu adoro, não é feitaDe lírios nem de rosas purpurinas,Não tem as formas lânguidas, divinasDa antiga Vênus de cintura estreita… Não é a Circe, cuja mão suspeitaCompõe filtros mortas entre ruínas,Nem a Amazona,… Ideal

No turbilhão

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No meu sonho desfilam as visões,Espectros dos meus próprios pensamentos,Como um bando levado pelos ventos,arrebatado em vastos turbillhões… Num espiral, de estranhas contorções,E donde saem gritos e lamentos,Vejo-os passar, em grupos nevoentos,Distingo-lhes, a espaços, as… No turbilhão

Aspiração

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Meus dias vão correndo vagarosos,Sem prazer e sem dor pareceQue o foco interior já desfaleceE vacila com raios duvidosos. É bela a vida e os anos são formosos,E nunca ao peito amante o amor falece…Mas,… Aspiração

O Convertido

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Entre os filhos dum século malditoTomei também lugar na ímpia mesa,Onde, sob o folgar, geme a tristezaDuma ânsia impotente de infinito. Como os outros, cuspi no altar avitoUm rir feito de fel e de impureza…Mas… O Convertido

Com os Mortos

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Os que amei, onde estão? Idos, dispersos,arrastados no giro dos tufões,Levados, como em sonho, entre visões,Na fuga, no ruir dos universos… E eu mesmo, com os pés também imersosNa corrente e à mercê dos turbilhões,Só… Com os Mortos

Hino à Razão

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Razão, irmã do Amor e da Justiça,Mais uma vez escuta a minha prece.É a voz dum coração que te apetece,Duma alma livre, só a ti submissa. Por ti é que a poeira movediçaDe astros e… Hino à Razão

Idílio

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Quando nós vamos ambos, de mãos dadas,Colher nos vales lírios e boninas,E galgamos dum fôlego as colinasDos rocios da noite inda orvalhadas; Ou, vendo o mar das ermas cumeadasContemplamos as nuvens vespertinas,Que parecem fantásticas ruínasAo… Idílio

Evolução

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Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigoTronco ou ramo na incógnita floresta…Onda, espumei, quebrando-me na arestaDo granito, antiquíssimo inimigo… Rugi, fera talvez, buscando abrigoNa caverna que ensombra urze e giesta;Ou, monstro primitivo, ergui… Evolução

A Cegonha

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Em solitária, plácida cegonhaImersa num cismar ignoto e vago,Num fim de ocaso, à beira azul de um lago,Sem tristeza, quem há que os olhos ponha? Vendo-a, Senhora, vossa mente sonhaTalvez, que o conde de um… A Cegonha

Súplica

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A provar que hei perdido a segurançaDesde, Senhora, que cheguei a ver-vos,Ao juízo recusam-se-me os nervos,E sucede-me insólita mudança. Tremo por mim, pesar que a linda e mansaFace vossa me induza a vir dizer-vosEsta infinita… Súplica

O Homem Público nº 1 (Antologia)

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Tarde aprendibom mesmoé dar a alma como lavada.Não há razãopara conservareste fiapo de noite velha.Que significa isso?Há uma fitaque vai sendo cortadadeixando uma sombrano papel.Discursos detonam.Não sou eu que estou alide roupa escurasorrindo ou fingindoouvir.No… O Homem Público nº 1 (Antologia)

Fagulha

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Abri curiosao céu.Assim, afastando de leve as cortinas.Eu queria entrar,coração ante coração,inteiriçaou pelo menos mover-me um pouco,com aquela parcimônia que caracterizavaas agitações me chamandoEu queria até mesmosaber ver,e num movimento redondocomo as ondasque me circundavam,… Fagulha