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Quase

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Um pouco mais de sol – eu era brasa,Um pouco mais de azul – eu era além.Para atingir, faltou-me um golpe de asa…Se ao menos eu permanecesse aquém…Assombro ou paz? Em vão… Tudo esvaídoNum grande… Quase

A Miragem

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Ah! Se pudéssemos contarAs voltas que a vida dáPra que a gente possaEncontrar um grande amor… É como se pudéssemos contarTodas estrelas do céuOs grãos de areia desse marAinda assim… Pobre coraçãoO dos apaixonadosQue cruzam… A Miragem

Veneno e Contraveneno

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A palavra, o venenoO verso, a armadilhaO poeta, a presaO livro, a jaulaO leitor, a isca O Veneno, sorvido, é vícioO livro, lido, existeO Leitor, lendo, se torna livro

Epígrafe

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Sou bem-nascido. Menino,Fui, como os demais, feliz.Depois, veio o mau destinoE fez de mim o que quis. Veio o mau gênio da vida,Rompeu em meu coração,Levou tudo de vencida,Rugia e como um furacão, Turbou, partiu,… Epígrafe

O Último Poema

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Assim eu quereria o meu último poema.Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionaisQue fosse ardente como um soluço sem lágrimasQue tivesse a beleza das flores quase sem perfumeA pureza da chama… O Último Poema

Testamento

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O que não tenho e desejoÉ que melhor me enriquece.Tive uns dinheiros – perdi-os…Tive amores – esqueci-os.Mas no maior desesperoRezei: ganhei essa prece. Vi terras da minha terra.Por outras terras andei.Mas o que ficou marcadoNo… Testamento

Noite Morta

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Noite morta.Junto ao poste de iluminaçãoOs sapos engolem mosquitos. Ninguém passa na estrada.Nem um bêbado. No entanto há seguramente por ela uma procissão de sombras.Sombras de todos os que passaram.Os que ainda vivem e os… Noite Morta

Assim a Vida nos Afeiçoa

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Se fosse dor tudo na vida,Seria a morte o sumo bem.Libertadora apetecida,A alma dir-lhe-ia, ansiosa: – Vem! E a vida vai tecendo laços,Quase impossíveis de romper:Tudo que amamos são pedaçosvivos de nosso próprio ser A… Assim a Vida nos Afeiçoa

À Maneira de Olegário Mariano

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Triste flor de milonga ao abandono,Betsabé, Betsabé, que mal me fazes!Ontem, a coqueluche dos rapazes,E agora? pobre pássaro sem dono. Primavera e verão foram-se. O outonoChegou. Folhas no chão… Névoas falazes…E aí vem o inverno…… À Maneira de Olegário Mariano

A Camões

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Quando nalma pesar de tua raçaA névoa da apagada e vil tristeza,Busque ela sempre a glória que não passa,Em teu poema de heroísmo e de beleza. Gênio purificado na desgraça,Tu resumiste em ti toda a… A Camões

Confissão

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Se não a vejo e o espírito a afigura,Cresce este meu desejo de hora em hora…Cuido dizer-lhe o amor que me tortura,O amor que a exalta e a pede e a chama e a implora.… Confissão

Desencanto

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Eu faço versos como quem choraDe desalento… de desencanto…Fecha o meu livro, se por agoraNão tens motivo nenhum de pranto. Meu verso é sangue. Volúpia ardente…Tristeza esparsa… remorso vão…Dói-me nas veias. Amargo e quente,Cai, gota… Desencanto