A Rua dos Cataventos ( XXXI )
É outono. E é Verlaine… O Velho OutonoOu o Velho Poeta atira-me à janelaUma das muitas folhas amarelasDe que ele é o dispersivo dono… E há uns salgueiros a pender de sonoSobre um fundo de… A Rua dos Cataventos ( XXXI )
É outono. E é Verlaine… O Velho OutonoOu o Velho Poeta atira-me à janelaUma das muitas folhas amarelasDe que ele é o dispersivo dono… E há uns salgueiros a pender de sonoSobre um fundo de… A Rua dos Cataventos ( XXXI )
Nem sabes como foi aquele dia…Uma reunião em suma tão vulgar!Tu caíste em estado de poesiaQuando o Sr. Prefeito ia falar… O mal sagrado! Que remédio havia?!E como para nunca mais voltar,Lá te foste na… A Rua dos Cataventos ( XXXII )
Lá onde a luz do último lampiãoUns tristes charcos alumia embalde,Moram, numa infinita solidão,As estrelinhas quietas do arrabalde… Na cidade, quem é que atenta nelas,Na sua história anônima, escondida?São menininhas pobres às janelas,Olhando inutilmente para… A Rua dos Cataventos ( XXXIV )
Quando eu morrer e no frescor de luaDa casa nova me quedar a sós,Deixai-me em paz na minha quieta rua…Nada mais quero com nenhum de vós! Quero é ficar com alguns poemas tortosQue andei tentando… A Rua dos Cataventos ( XXXV )
Era uma rua tão antiga, tão distanteque ainda tinha crepúsculos, a desgraçada…Acheguei-me a ela com este velho coração palpitantede quem tornasse a ver uma primeira namorada em todo o seu feitiço do primeiro instante.E a… Para Telmo Vergara
Quem faz um poema abre uma janela.Respira, tu que estás numa celaabafada,esse ar que entra por ela.Por isso é que os poemas têm ritmo —para que possas profundamente respirar.Quem faz um poema salva um afogado.
Pelas estradas antigasAs horas vêm a cantar.As horas são raparigas,Entram na praça a dançar. As horas são raparigas… E a doce algazarra suaDe rua em rua se ouvia.De casa em casa, na rua,Uma janela se… Canção do primeiro do ano
Quando os meus olhos de manhã se abriram,Fecharam-se de novo, deslumbrados:Uns peixes, em reflexos doirados,Voavam na luz: dentro da luz sumiram-se… Rua em rua, acenderam-se os telhados.Num claro riso as tabuletas riram.E até no canto… A Rua dos Cataventos ( III )
Que bom ficar assim, horas inteiras,Fumando… e olhando as lentas espirais…Enquanto, fora, cantam os beiraisA baladilha ingênua das goteiras E vai a Névoa, a bruxa silenciosa,Transformando a Cidade, mais e mais,Nessa Londres longínqua, misteriosaDas poéticas… A Rua dos Cataventos ( XXXIII )
Sonhar é acordar-se para dentro:de súbito me vejo em pleno sonhoe no jogo em que todo me concentromais uma carta sobre a mesa ponho. Mais outra! É o jogo atroz do Tudo ou Nada!E quase… Os Parceiros
Quando a luz estender a roupa nos telhadosE for todo o horizonte um frêmito de palmasE junto ao leito fundo nossas duas almasChamarem nossos corpos nus, entrelaçados, Seremos, na manhã, duas máscaras calmasE felizes, de… A Rua dos Cataventos ( XXVII )