Maria
de Machado de AssisMaria, há no seu gesto airoso e nobre,
Nos olhos meigos e no andar tão brando,
Um não sei quê suave...
Maria, há no seu gesto airoso e nobre,
Nos olhos meigos e no andar tão brando,
Um não sei quê suave...
Triste é os tempos vividos, venturosos,
Comparar às agruras do presente;
Que mágoas só as tem quem teve gozos.
Ah, sempre que se sonha alguma coisa
tem-se a idade do tempo em que a sonhamos
E a obra, por fim, resplandece acabada:
"Mundo, que as minhas mãos arrancaram do nada!
Filha do meu trabalho!"
Pela primeira vez a víscera do herói,
Que a imensa ave do céu perpetuamente rói,
Deixou de renascer.
Eu levarei comigo as madrugadas,
Pôr-de-sóis, algum luar, asas em bando,
Mais o rir das primeiras namoradas...
O amor é vida e leva à sepultura;
É luz e faz viver em noite escura;
Apesar de cego o amor, vê o invisível.
Penso às vezes o quanto essas meninas
No seu desejo triste hão de sofrer
Não posso ver a palavra andarilho
que eu não tenha vontade de dormir
debaixo de uma árvore.
Vai a Névoa, a bruxa silenciosa,
Transformando a Cidade, mais e mais,
Nessa Londres longínqua...
"Que fazer, para ser como os felizes?"
-Ama!
"Que fazer, para ser bom?"
-Perdoa!