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Vandalismo

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Meu coração tem catedrais imensas,Templos de priscas e longínquas datas,Onde um nume de amor, em serenatas,Canta a aleluia virginal das crenças. Na ogiva fúlgida e nas colunatasVertem lustrais irradiações intensasCintilações de lâmpadas suspensasE as ametistas… Vandalismo

O Lamento das Coisas

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Triste, a escutar, pancada por pancada,A sucessividade dos segundos,Ouço, em sons subterrâneos, do Orbe oriundos,O choro da Energia abandonada! É a dor da Força desaproveitada,– O cantochão dos dínamos profundos.Que, podendo mover milhões de mundos,Jazem… O Lamento das Coisas

O Deus-Verme

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Fator universal do transformismo.Filho da teleológica matéria,Na superabundância ou na miséria,Verme – é o seu nome obscuro de batismo. Jamais emprega o acérrimo exorcismoEm sua diária ocupação funérea,E vive em contubérnio com a bactéria,Livre das… O Deus-Verme

O Último Número

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Hora da minha morte. Hirta, ao meu lado,A idéia estertorava-se… No fundoDo meu entendimento moribundojazia o último número cansado. Era de vê-lo, imóvel, resignado,Tragicamente de si mesmo oriundo,Fora da sucessão, estranho ao mundo,Com o reflexo… O Último Número

Apocalipse

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Minha divinatória Arte UltrapassaOs séculos efêmeros e notaDiminuição dinâmica, derrotaNaatual força, integérrima, da Massa. É a subversão universal que ameaçaA Natureza, e, em noite aziaga e ignota,Destrói a ebulição que a água alvorotaE põe todos… Apocalipse

O Fim das Coisas

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Pode o homem bruto, adstrito à ciência grave,Arrancar num triunfo supreendente,Das profundezas do SubconscienteO milagre estupendo da aeronave! Rasgue os broncos basaltos negros, cave,Sôfrego, o solo sáxeo; e, na ânsia ardenteDe perscrutar o íntimo dorbe,… O Fim das Coisas

Infeliz

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Alma viúva das paixões da vida,Tu que, na estrada da existência em fora,Cantaste e riste, e na existência agoraTriste soluças a ilusão perdida; Oh! Tu, que na grinalda emurchecidaDe teu passado de felicidadeFoste juntar os… Infeliz

Natureza Íntima

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Cansada de observar-se na correnteQue os acontecimentos refletia,Reconcentrando-se em si mesma, um dia,A Natureza olhou-se interiormente! Baldada introspecção! NoumenalmenteO que Ela, em realidade, ainda sentiaEra a mesma imortal monotoniaDe sua face externa indiferente! E a… Natureza Íntima

O Meu Nirvana

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No alheamento da obscura forma humana,De que, pensando, me desencarcero,Foi que eu, num grito de emoção, sinceroEncontrei, afinal, o meu Nirvana! Nessa manumissão shopenhauereana,Onde a Vida do humano aspecto feroSe desarraiga, eu, feito força, imperoNa… O Meu Nirvana

Ao Luar

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Quando, à noite, o Infinito se levantaÁ luz do luar, pelos caminhos quedosMinha tátil intensidade é tantaQue eu sinto a alma do Cosmos nos meus dedos! Quebro a custódia dos sentidos tredosE a minha mão,… Ao Luar

Martírio do Artista

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Arte ingrata! E conquanto, em desalento,A órbita elipsoidal dos olhos lhe arda,Busca exteriorizar o pensamentoQue em suas frontais células guarda! Tarda-lhe a Idéia! A inspiração lhe tarda!E ei-lo a tremer, rasga o papel, violento,Como o… Martírio do Artista

Versos a um Coveiro

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Numerar sepulturas e carneiros,Reduzir carnes podres a algarismos,Tal é, sem complicados silogismos,A aritmética hedionda dos coveiros! Um, dois, três, quatro, cinco… EsoterismosDa Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros,Na progressão dos números inteirosA gênese de… Versos a um Coveiro