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Reportagem

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O trem estacou, na manhã fria,num lugar deserto, sem casa de estação:a parada do Leprosário… Um homem saltou, sem despedidas,deixou o baú à beira da linha,e foi andando. Ninguém lhe acenou… Todos os passageiros olharam… Reportagem

Tecendo a Manhã

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1.Um galo sozinho não tece uma manhã:ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que elee o lance a outro; de um outro galoque apanhe o grito de um galo antese… Tecendo a Manhã

A Educação pela Pedra

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Uma educação pela pedra: por lições;Para aprender da pedra, freqüentá-la;Captar sua voz inenfática, impessoal[pela de dicção ela começa as aulas].A lição de moral, sua resistência friaAo que flui e a fluir, a ser maleada;A de… A Educação pela Pedra

O Relógio

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Ao redor da vida do homemhá certas caixas de vidro,dentro das quais, como em jaula,se ouve palpitar um bicho. Se são jaulas não é certo;mais perto estão das gaiolasao menos, pelo tamanhoe quadradiço de forma.… O Relógio

É Preciso Confiar

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Passei tribulaçõesEu já sofri na minha vidaQual ave sem um ninhoProcurando abrigoClamei em alta vozNinguém queria ouvir“Senhor”, eu perguntei, “Por quê?” Custei a entenderQue as provações da minha vidaProvêm de todo malQue neste mundo habitaAqui… É Preciso Confiar

Íntimo

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Minha mãe! minha mãe! Tu, que adivinhasesta mágoa amaríssima que eu canto,tu, que trazes as pálpebras de prantocheias, tão cheias como eu trago as minhas; tu, que vives em lágrimas, e tinhasa vida, outrora, tão… Íntimo

Retrospecto

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Vinte e seis anos, trinta amores: trintavezes a alma de sonhos fatigada.e, ao fim de tudo, como ao fim de cadaamor, a alma de amor sempre faminta! Ó mocidade que foges! bradaaos meus ouvidos teu… Retrospecto

Envelhecer

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Na manhã da existência, ouvindo o peito,que previa teu vulto no caminho,dentro em minha alma levantei teu ninho,e, nesse ninho, preparei teu leito. Desceu a tarde, e ainda me viu sozinho.Murcham as flores, que, de… Envelhecer

Beatriz

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Bandeirante a sonhar com pedrariasCom tesouros e minas fabulosas,Do Amor entrei, por ínvias e sombriasEstradas, as florestas tenebrosas. Tive sonhos de louco, à Fernão Dias…Vi tesouros sem conta: entre as umbrosasSelvas, o ouro encontrei, e… Beatriz

Amavisse

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Como se te perdesse, assim te quero.Como se não te visse (favas douradasSob um amarelo) assim te apreendo bruscoInamovível, e te respiro inteiro Um arco-íris de ar em águas profundas. Como se tudo o mais… Amavisse

XXXII (Da Morte)

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Por que me fiz poeta?Porque tu, morte, minha irmã,No instante, no centroDe tudo o que vejo. No mais que perfeitoNo veio, no gozoColada entre eu e o outro.No fossoNo nó de um íntimo laçoNo haustoNo… XXXII (Da Morte)