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Versos a Uma Taça

de

Nasceu para servir ao estranho ritual
dos festins, – no cristal puríssimo, sem jaça
reflete da loucura o cortejo triunfal
que alegre, ao seu redor, todas as noites, passa…

Quanta dor já entornou! Quanta alma turva e baça
já a ergueu na ilusão de esquecer o seu mal…
Leva o vinho que apaga a tristeza e a desgraça
e põe na boca um riso inconsciente e boçal!…

Destino estranho o seu! No seu cristal sem bruma
vive num mundo à parte, e insensível parece
ao vinho que transborda e ao champanha que espuma…

E boêmia há de acabar, num último tinir
como as almas que embriaga, e aniquila, e enlouquece,
do seu próprio destino… espedaçada, a rir!

postado por em 21-01-2007