Verdes Mares
de Manuel BandeiraClama uma voz amiga: – “Aí tem o Ceará.”
E eu, que nas ondas punha a vista deslumbrada,
Olho a cidade. Ao sol chispa a areia doirada.
A bordo a faina avulta e toda a gente já
Desce. Uma moça ri, quebrando o panamá.
“- Perdi a mala!” um diz de cara acabrunhada
Sobre as águas, arfando, uma breve jangada
Passa. Tão frágil! Deus a leve, onde ela vá.
Esmalta ao fundo a costa a verdura de um parque.
E enquanto a grita aumenta em berros e assobios
Rudes, na confusão brutal do desembarque:
Fitando a vastidão magnífica do mar,
Que ressalta e reluz: – “Verdes mares bravios…”
Cita um sujeito que jamais leu Alencar.
postado por Ederson Peka em 24-04-2011