Sonho
de BocageDe suspirar em vão já fatigado,
Dando trégua a meus males eu dormia;
Eis que junto de mim sonhei que via
Da Morte o gesto lívido e mirrado:
Curva fouce no punho descarnado
Sustentava a cruel, e me dizia:
– Eu venho terminar tua agonia;
Morre, não penes mais, ó desgraçado!
Quis ferir-me, e de Amor foi atalhada,
Que armado de cruentos passadores
Aparece, e lhe diz com voz irada:
– Emprega noutro objecto teus rigores;
Que esta vida infeliz está guardada
Para vítima só de meus furores.
postado por Ederson Peka em 14-04-2020