Rio
de Hermes Fontes– Bojuda serpe, dócil crocodilo –
coleia o rio… Atrás, uma montanha
figura um cavaleiro a persegui-lo
de longe… E, distanciando-se, o acompanha.
Adiante, o bosque todo se emaranha
para deter-lhe o curso e constringi-lo:
o rio, surdo e cego à ameaça estranha,
vai correndo, monótono e tranqüilo…
Abre-se o abismo ali para tragá-lo:
e o rio, dorso ondeante ao beijo eóleo,
salta, a crina a flutuar… régio cavalo!
E ancho, e triunfante, como um rei no sólio,
avança para o Mar, quer dominá-lo…
E o Mar, que o espera, num bocejo, engole-o…
postado por Ederson Peka em 28-06-2009