Queixa-se o Poeta em que o Mundo Vai Errado e, Querendo Emendá-lo, o Tem por Empresa Dificultosa
de Gregório de MatosCarregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer e vou-me ao fundo.
O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ornadas,
Do que anda só o engenho mais profundo.
Não é fácil viver entre os insanos,
Erra, quem presumir, que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.
O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo o mar de enganos
Ser louco co’s demais, que ser sisudo.
postado por Ederson Peka em 13-03-2003