Pranto Seco
de Jorge de LimaO que há sob essa máscara é um pranto seco,
pranto final, sem lágrimas, calado.
A pele ressecou-se em fruto peco,
a fronte dolorida, o olhar parado.
Não há saída mais para esse beco.
Tudo perdido, tudo consumado.
O que há sob essa máscara é um pranto seco,
sem esponja de fel e último brado.
As formigas subiram pela fronte
e desceram ligeiras pelos cravos
das patas ressequidas, pelas unhas…
Cadáver seco em solitário monte,
sem complacências e sem desagravos,
sem madalenas e sem testemunhas.
postado por Ederson Peka em 28-04-2013