Olhos
de Cruz OliveiraOlhos! Tantos amei quantos me abandonaram…
Tantos cobri de bens, de inefáveis ternuras,
Quantos me querem mal, que em lugar me deixaram
De minhas ilusões, desilusões bem duras.
E dizer que os perdoei; que mau grado amarguras
De que venho de encher dias que se passaram,
Só lhes desejo o bem das carícias mais puras
– Que hoje me apraz perdoar os que me não perdoaram!
E isso me cura um pouco esse desgosto imenso
De amá-los, esse tédio, a fartura, o cansaço
Da vida; e me dá mesmo um prazer quando penso
Nas vezes em que a sós eles se consideram
E me admiram maior, pelo bem que lhes faço,
Do que eles pelo mal que sempre me fizeram.