Fados Contrários
de Castro Alves(A José Jorge.)
Num álbum
Diz à flor a borboleta:
“Vamos, irmã, tudo é luz!
Há muito prisma doirado
Que pelos ares transluz…
Tuas pétalas são asas…
Das nuvens nas tênues gazas,
D’aurora nos seios nus
Tens um ninho entre perfumes…
Vamos boiar, entre lumes
Desses páramos azúis”.
À linda filha dos ares,
Responde a silvestre flor:
“Eu amo o gemer das auras
E o beijo do beija-flor…
Se és do céu a violeta,
Sigo um destino menor.
Buscas o céu — eu a alfombra,
Queres a luz — quero a sombra,
Pedes glória — eu peço amor.
postado por Ederson Peka em 22-04-2012