A Rua dos Cataventos ( XXXII )
de Mário QuintanaTu caíste em estado de poesia:
O mal sagrado! Que remédio havia?!
Tu caíste em estado de poesia:
O mal sagrado! Que remédio havia?!
Se homem sou
E, se entre os homens vivo,
Vivo do erro sujeito à humana lei
Ó, velhas rimas! É acabar com elas!
Mas o Outono apanha-as…
Pátria, latejo em ti, no teu lenho, por onde
Circulo! e sou perfume, e sombra, e sol, e orvalho!
Há tantos anos de tão longe venho
Que nem me lembro de mais nada agora!
A colear, viscosa e lenta,
O seu aspecto as vistas afugenta
E de tocá-la a gente se arreceia.
E em vão, nos versos que tu lias tanto,
Inda procuro a tua voz perdida…
Recolhido o anzol da mandíbula, a aranha
Ansiosa espera e atrai o amante de um minuto…
Esquecido que vou morrer enfim,
Eu me distraio a construir castelos…
Tão altos sempre…
Entra sem cerimônia, a casa é tua;
Solta versos ao sol, solta-os à lua,
Toca a lira divina, alteia o colo.
Seremos, na manhã,
duas máscaras calmas
e felizes
Louca, se precipita a sussurrante escolta
Dos noivos zonzos, voando ao nupcial mistério.