Os Justos
de Jorge Luís BorgesUm homem que cultiva o seu jardim.
O que descobre com prazer uma etimologia.
O que prefere que os outros tenham razão.
Um homem que cultiva o seu jardim.
O que descobre com prazer uma etimologia.
O que prefere que os outros tenham razão.
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Derribou-te, ó ave, um braço,
Mas abrindo asas no espaço
Ao céu voaste
Ó Moisés! Tua voz não me alucina:
A voz, que soltas, é a voz divina.
A medida certa,
punhal de prata,
para atravessar-me o peito
Eu venho terminar tua agonia;
Morre, não penes mais, ó desgraçado!
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Feliz o que nos lábios,
No coração,
Na mente
Põe teu nome
Lá me esconde,
amor,
um mal,
que mata e não se vê
Vede que os humanos
Erros e cuidados
Nos são tão pesados
Como há dois mil anos.
Cansei-me de tentar o teu segredo
No teu olhar sem cor…