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Cleópatra

de

Não! que importava a queda, e o epílogo do drama:
O trono, o cetro, o povo, o exército, o tesouro,
As províncias, a glória, e as naus, no sorvedouro
De Actium, e Alexandria entregue ao saque e à chama?

Não! que importava o horror da entrada em Roma: a fama
De Otávio, e o seu triunfo, entre a púrpura e o louro,
E a plebe em grita, e o céu cheio de águias de ouro,
E o Egito, e o seu império, e os seus troféus, na lama?

Não! Que importava o amor perdido? Que importava
O naufrágio do orgulho, a vergonha, a tortura
Do ódio do vencedor ou da piedade alheia?

Mas entrar desgrenhada, envelhecida, escrava,
Rota, sem o raiar da sua formosura,
Sol sem fulgor... Matou-a o medo de ser feia.

postado por em 24-04-2015