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Choro de Vagas

de

Não é de águas apenas e de ventos,
No rude som, formada a voz do Oceano.
Em seu clamor - ouço um clamor humano;
Em seu lamento - todos os lamentos.

São de náufragos mil estes acentos,
Estes gemidos, este aiar insano;
Agarrados a um mastro, ou tábua, ou pano,
Vejo-os varridos de tufões violentos;

Vejo-os na escuridão da noite, aflitos,
Bracejando, ou já mortos e debruços,
Largados das marés, em ermas plagas...

Ah! que são deles estes surdos gritos,
Este rumor de preces e soluços
E o choro de saudades destas vagas!

 

Fonte: Poesia Parnasiana, Antologia. Ed Melhoramentos

postado por em 13-12-2008