Camões, II
de Machado de AssisQuando, transposta a lúgubre morada
Dos castigos, ascende o florentino
À região onde o clarão divino
Enche de intensa luz a alma nublada,
A saudosa Beatriz, a antiga amada,
A mão lhe estende e guia o peregrino,
E aquele olhar etéreo e cristalino
Rompe agora da pálpebra sagrada.
Tu que também o Purgatório andaste,
Tu que rompeste os círculos do Inferno,
Camões, se o teu amor fugir deixaste,
Ora o tens, como um guia alto e superno,
Que a Natércia da vida que choraste
Chama-se Glória e tem o amor eterno.
postado por Ederson Peka em 16-05-2014