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de

Trago os olhos naufragados
em poentes cor de sangue…

Trago os braços embrulhados
numa palma bela e dura
e nos lábios a secura
dos anseios retalhados…

Enrolada nos quadris
cobras mansas que não mordem
tecem serenos abraços…
E nas mãos, presas com fitas
azagaias de brinquedo
vão-se fazendo em pedaços…

Só nos olhos naufragados
estes poentes de sangue…

Só na carne rija e quente,
este desejo de vida!…

Donde venho, ninguém sabe
e nem eu sei…

Para onde vou
diz a lei
tatuada no meu corpo…

E quando os pés abram sendas
e os braços se risquem cruzes,
quando nos olhos parados
que trazem naufragados
se entornarem novas luzes…

Ah! Quem souber,
há-de ver
que eu trago a lei
no meu corpo…

postado por em 20-01-2010