A Cegonha
de Aníbal TeófiloEm solitária, plácida cegonha
Imersa num cismar ignoto e vago,
Num fim de ocaso, à beira azul de um lago,
Sem tristeza, quem há que os olhos ponha?
Vendo-a, Senhora, vossa mente sonha
Talvez, que o conde de um palácio mago,
Loura fada perversa, em tredo afago,
Mudou nessa pernalta erma e tristonha.
Mas eu, que em prol da Luz do pétreo, denso
Do Ser ou do Não-Ser tento a escalada,
Qual morosa, tenaz, paciente lesma,
Ao vê-la assim, mirar-se n'água, penso
Ver a Dúvida humana debruçada
Sobre a angústia infinita de si mesma!
postado por Ederson Peka em 18-08-2006