Entre O Sono E Sonho
de Fernando PessoaEntre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.
postado por Célia de Lima em 28-06-2008
Comentários
Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério
Trago, de caminhar, os membros lassos,
acutilam-me os ventos e as geadas,
já não sei o que são noites serenas…
Sinto que vais chegar, ouço-te os passos,
mas ai!
O homem cego ignora
que por onde passais,
uma flor de luz viva
deixais…
Porque há doçura e beleza
na amargura atravessada,
e eu quero memória acesa
depois da angústia apagada.
Como se te perdesse, assim te quero.
(...)