Remorso
de Olavo BilacSinto o que esperdicei na juventude;
Choro neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude.
Sinto o que esperdicei na juventude;
Choro neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude.
Conversamos dos dois extremos da noite,
como de praias opostas. Mas com uma voz que não se importa…
E um mar de estrelas se balança entre o meu pensamento e o teu.
As estrelas cativas no teu seio
Dão-me um tocante e fugitivo enleio,
Embalam-me na luz consoladora!
Abre-me os braços, Solidão radiante…
Ninguém ampara o cavaleiro do mundo delirante,
Que anda, voa, está em toda a parte
E não consegue pousar em ponto algum.
Nos santos óleos do luar, floria
Teu corpo ideal, com o resplendor da Helade
E em toda a etérea, branda claridade
Como que erravam fluidos de harmonia…
Maieável aos meus movimentos subconscientes do volante,
Galga sob mim comigo o automóvel que me emprestaram.
Sorrio do símbolo, ao pensar nele, e ao virar à direita.
Em quantas coisas que me emprestaram eu sigo no mundo
Quantas coisas que me emprestaram guio como minhas!
Quanto me emprestaram, ai de mim!, eu próprio sou!
Tinteiro grande à frente.
Canetas com aparos novos à frente.
Mais para cá papel muito limpo.