A Odisseia do Verso
de Hermes FontesVieram da fonte sensitiva e casta
do Coração: filtraram-se em requinte,
nos centros cerebrais: são versos... basta.
É estrofá-los em luz, por conseguinte.
É escrevê-los em fogo, em tom que os pinte,
voz que os declame... E a língua mal se arrasta!
E a pena extrai-lhes a expressão seguinte
que os fixa nos papéis da minha pasta...
Leva-mos o impressor, a publicá-los.
Lá se vão os meus versos... E eu sucumbo,
ao despedir-me da alma, entre ais e abalos...
E, ante a máquina, agora, o olhar descerro:
— vejo o meu Sonho transformado em chumbo!...
— vejo a minha Arte reduzida a ferro!...
postado por Ederson Peka em 11-10-2016