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Noite de Saudade

de

A noite vem pousando devagar
Sobre a terra, que inunda de amargura...
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura...

Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu ouço a noite imensa soluçar!
E eu ouço soluçar a noite escura!

Porque és assim tão 'scura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó noite, em ti existe
Uma saudade igual à que eu contenho!

Saudade que eu nem sei donde me vem...
Talvez de ti, ó noite!... Ou de ninguém!...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!

(in Florbela Espanca, A Mensageira das Violetas, Antologia)

postado por em 27-09-2008