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A Educação pelo Pó

de

Os fatos e coisas do cotidiano,
Parecem-nos doces e sadios.
Encarnam a doçura daquilo que não se esvai,
Como se o tempo e a felicidade se estendessem ao infinito.
Entretanto, doces enganos são
Estes pensamentos seguros a respeito do mundo.
Tolos somos todos, nós que acreditamos naquilo que nos cerca,
E nos deixamos seduzir pelo canto das sereias.
Nada mais fugaz do que o tempo,
Nem mais frágil do que a felicidade.
Tudo é inseguro, tudo é fugaz,
E de certeza só a morte fatal.
Que as rochas durem quase uma eternidade, aceitemos!
Que a água se renova num ciclo indestrutível aos nossos olhos, tudo bem!
Mas isto não garante a eternidade das coisas.
Do concreto ao pó, basta um átimo de segundo.
Basta um piscar de olhos e a fortuna ataca,
E nós, desprotegidos, nos afogamos nas águas turvas do mecanismo insano do universo.
Apegamo-nos demais às coisas e à nossa felicidade.
Como se fossem a representação do absoluto.
E então, no instante inesperado, desfaz-se o nosso mundo bem construído.
Deveríamos apreender a dura lição do pó.
A lei universal à qual todos estamos submetidos.
O pó: eis o grande destino de tudo.
A que pedagogia impressionante ele nos submete.
Mas sempre esquecemos a lição,
Como péssimos alunos que insistem em acreditar nos contos de fada.
O tempo: grande deus que a tudo consome,
Nos ilude com a promessa da eternidade.
Nos imaginamos eternos e não compreendemos o significado mágico do instante.
Desconsideramos o instante em nome do eterno,
Confiamos demais na permanência das coisas,
E desaprendemos a trágica lição de Heráclito.
Devemos permanecer sempre atentos,
A fera na selva nos espreita,
E no seu bote fulminante,
Com suas garras nos transformará, juntamente com nossas coisas e crenças,
Num pequeno montículo de pó,
O que em verdade, sempre fomos.

postado por em 27-10-2007